Municípios apostam em produtos regionais para atrair turistas 05/04/2019 - 08:10

Pinhão com café. A combinação pode não ser comum, mas é das melhores, assim como as forças somadas de Curitiba, a capital, e Londrina, a maior cidade do interior do Paraná, importante centro econômico, especialmente na produção agrícola. Cada uma desenvolveu uma rota turística aproveitando o mote da culinária local.

A Rota do Café foi criada com apoio do Sebrae há 10 anos para ampliar o leque de atrativos da região Norte do Paraná, até então centralizados nos eventos e nos negócios. “Investimos no turismo de experiência”, conta a diretora de Turismo da Prefeitura de Londrina, Maitê Uhlmann. O que significa apropriar-se do tema do café em vários aspectos, desde a degustação e passeios por fazendas produtoras, até o viés científico e tecnológico. O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), por exemplo, desenvolve importantes pesquisas no setor, assim como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O aroma do café especial vem das fazendas dedicadas ao resgate da tradição e da cultura cafeeira do Norte do Paraná, que viveu tempos áureos até 1975, quando as plantações foram dizimadas pela chamada geada negra. Na década de 60, quando o Brasil já era o maior produtor de café do mundo, internamente era o Paraná que garantia o título. Hoje, o Estado de Minas Gerais é responsável por 53% da produção nacional.

A soja e o trigo substituíram a maior parte das plantações de café, mas a região deu a volta por cima optando pela qualidade em produções menores e mais especiais. Hoje é uma alternativa importante para a agricultura familiar. E está se revelando uma fonte de renda para antigas fazendas desativadas ou ainda em produção, restaurantes rurais, labirintos formados por pés de café, pousadas e outros equipamentos desenvolvidos para encantar o turista.

ATRATIVOS - As fazendas que recebem visitantes se espalham por nove municípios num raio de 200 quilômetros a partir de Londrina. São mais de 30 atrações. Entre elas estão a Monte Bello, em Ribeirão Claro, e a Palmeira, onde se descobre como o café é cultivado e pode-se aprender como fazer e usufruir de diferentes tipos da bebida. A experiência é única, e não se resume ao café – inclui trilhas ecológicas, banhos de cachoeira e observação de pássaros. Para os mais envolvidos é possível até participar da colheita.

Nas cidades, museus revelam o passado enquanto cafeterias gourmet rendem homenagem ao ouro verde, como já foi chamado o café em Londrina, conhecida em tempos áureos como a capital mundial do café. De surpresa em surpresa, a Rota do Café trabalha na recuperação de importante período da história econômica do Paraná e do Brasil, sem descuidar da preservação do meio ambiente. Afinal, é a base que a sustenta.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – No Estado, o turismo é uma prioridade da atual gestão, por ser um importante pilar de desenvolvimento econômico. “Conheça, viva, surpreenda-se” é o mote da campanha publicitária criada pelo Governo do Paraná para incentivar o crescimento do setor e fomentar a economia local. Os atrativos e informações turísticas de municípios paranaenses estão disponíveis em um portal exclusivo (http://www.viajeparana.com).

“O turismo, nesta gestão, é trabalhado como uma estratégia para o desenvolvimento econômico do Paraná, para torná-lo mais competitivo e mais justo para a população”, explica o presidente da Paraná Turismo, João Jacob Mehl.

GRANDE CURITIBA - No caso de Curitiba, o programa de incentivo ao turismo informa que “a influência dos imigrantes europeus, que ainda hoje mantêm suas raízes aqui e que deram de presente para a metrópole uma bela diversidade cultural e gastronômica, pode ser notada em todos os cantos da cidade, com restaurantes típicos, casas de artesanato, bosques, praças e parques”.

Mas é na Rota do Pinhão que florescem passeios encantadores, que misturam aventura, história, artesanato, atividades rurais, cavalgadas e pesque e pague, além de muita gastronomia, da melhor qualidade. Há sempre o que fazer em um dos municípios da Região Metropolitana de Curitiba. E se o passeio for no inverno, um pinhão, assado ou cozido, sempre atrai uma boa roda de conversa recheada de histórias locais.

Colombo e São José dos Pinhais, por exemplo, oferecem roteiros do vinho, nos quais é possível acompanhar o antigo processo de fabricação da bebida, sem esquecer da degustação tanto do saboroso líquido como de frios, queijos e embutidos feitos na região de colonização italiana. Em Campina Grande do Sul, os passeios incluem o Parque Ari Coutinho Bandeira, onde está a única represa da região em que é possível pescar e fazer passeios náuticos – a Represa Capivari.

A natureza, com suas grutas e paisagens deslumbrantes, está no centro do turismo rural e de aventura em quase todos os municípios da Região Metropolitana de Curitiba, com inúmeras opções de hospedagem em hotéis fazenda e chácaras de lazer. Em Quatro Barras, Piraquara, Araucária e Rio Branco do Sul, os roteiros de turismo rural sempre se completam com fartos cafés coloniais, quase sempre em propriedades rurais familiares, onde pode-se provar e comprar todo tipo de produtos caseiros.

Em Campo Magro, o destaque é o Observatório Astronômico do Paraná, a uma altitude de 1.062 metros acima do nível do mar, área escolhida pela localização e baixa poluição. Já em Cerro Azul, o ecoturismo garante muita adrenalina nas descidas de rafting no Rio Ribeira, em caminhadas rurais e banhos de cachoeira. E nada como baixar a adrenalina em Campo do Tenente, visitando o Mosteiro Trapista, que além de muita paz e retiro espiritual oferece biscoitos deliciosos feitos pelos próprios monges.

Mas é na Lapa que história e turismo se encontram em harmonia, no centro histórico com 14 quarteirões tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ali os roteiros rurais e cavalgadas se somam à história do Estado contada pelo casario do século 18, cortado ainda por ruas de pedras por onde passaram os tropeiros que seguiam a rota Sorocaba-Viamão.

A Lapa foi decisiva na Revolução Federalista, quando resistiu durante quase um mês no chamado Cerco da Lapa, impedindo que as tropas que pretendiam derrubar a República continuassem seu caminho rumo à capital brasileira. A região também foi palco da Guerra do Contestado, que opôs os caboclos liderados pelo monge João Maria e as tropas do governo. O “Monge da Lapa” ainda é reverenciado na gruta que leva seu nome, cuja água é considerada milagrosa.

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